Pobres dos que não são nem pobes nem ricos
Na perspectiva do governo devem ser alvo de medidas de austeridade todos os que trabalhem e que ganhem acima do ordenado mínimo, são estes que pagarão as medidas de apoio aos pobres ou supostos pobres, aos bancos onde o dinheiro dos mais felizardos rende dinheiro e o desequilíbrio das contas públicas. Estes estão encurralados no curral fiscal em que o país se está transformando para os trabalhadores por conta de outrem e, principalmente, para a chamada classe média que todos prometem proteger.
Não admira que a o grupo Cofina, uma das possíveis beneficiárias da privatização da RTP, se tenha apressado a encomendar uma sondagem à Aximage no dia seguinte à conferência de imprensa de Vítor Gaspar e tenha concluído que metade dos eleitores apoiavam a medida. Compreende-se, com tanta gente a rir-se dos que vão suportar os custos da folga e Passos Coelho não admira que as medidas tenham tanto apoio.
O problema começa a saber quem é pobre em Portugal, os que ganham 500 euros e beneficiam dos mais diversos apoios e isenções ou os que ganham 1500 euros e não beneficiam de quaisquer apoios, pagam taxas elevadas de impostos, sofrem cortes de vencimentos e suportam os impostos extraordinários. Isto sem considerarmos que uma boa parte dos que ganham o ordenado mínimo não passam de falsos pobres pois em muitos sectores de actividade está a generalidade de pagar uma parte do ordenado “por fora” apenas se declarando ao fisco e à Segurança Social o montante equivalente ao ordenado mínimo.
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