sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Carta aberta ao Primeiro Ministro Passos Coelho


Exmo Senhor Primeiro Ministro

Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome “de guerra”. Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.

Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.

Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.

Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. “És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro.” – disseram-me – “Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção”. Fiquei.

Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. “Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante”. Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira ‘congelada’. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como “nativa”. Tinha como ordenado ‘fixo’ 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas…

Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci – felizmente! – também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.

Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.

Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar…

Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores – e cada vez mais raros – valores: um ser humano em formação.

Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.

Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro e como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus

Myriam Zaluar, 19/12/2011

Visto aqui

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Norte-coreanos dizem adeus ao 'querido líder'


Um gigantesco cortejo fúnebre que durou três horas. Foi assim a despedida do “Querido Líder”, do homem que moldou todo um país à medida da sua visão do mundo.

A mitificação criada ao longo dos anos, em torno de Kim Jong-Il, construiu uma narrativa segundo a qual o ditador controlava mesmo os elementos da natureza. E não passou incólume o facto de as exéquias serem acompanhadas copiosamente pela queda de neve.

O poder será assumido pelo terceiro membro da linha dinástica, Kim Jong-Un, que acompanhou a pé o caixão do pai, juntamente com o tio, Jang Song-Thaek, e o chefe das Forças Armadas, Ri Yong-Ho, os três homens responsáveis pela transição que se adivinha difícil, após a morte de uma figura que muitos norte-coreanos chamavam de “pai”.

Algumas manifestações de luto aproximam-se da histeria.

Nenhuma delegação estrangeira foi convidada para estas cerimónias fúnebres. Afinal, o isolamento da Coreia da Norte é uma realidade que atira os 25 milhões de habitantes do país para índices de pobreza dos mais elevados do mundo.

O sucessor, Kim Jong-Un, de quem pouco se sabe, terá menos de 30 anos, estudou na Suíça e enfrenta agora a missão de consolidar a autoridade no interior de um regime militarizado.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Gozar com os portugueses



ROBERTO VILLAR - Férias no Marajó

Os funcionários públicos não tiveram direito a tolerância de ponto na sexta-fe5ra à tarde. Mas os deputados já estão de férias, depois da ordem de dispersar dada pela presidente do Parlamento. Regressam ao trabalho dia 3 de Janeiro.

É preciso ter lata!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Dinah Washington - Silent Night



Mestre Finezas deseja a todos os seus colaboradores, amigos, clientes e fornecedores um Feliz Natal e um próspero Ano Novo!
 
Na Barbearia Ideal  fazemos sempre o tradicional presépio.

XII Mostra de Doçaria de Alcáçovas 2011



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Estado Social ou “sopa dos pobres”?

• João Cardoso Rosas, Socialismo e Estado social:
    ‘Em quarto lugar, creio que no Portugal actual tanto a direita como o PS estão de acordo na necessidade de reformar o Estado social, adaptá-lo à riqueza que o país produz e às mudanças demográficas. No entanto, aquilo que a historieta acima contada visa encobrir é que não há apenas um caminho para essa reforma e que seria o da transformação do Estado social numa espécie de "sopa dos pobres" (eventualmente distribuída pelo ministro dos assuntos sociais no seu carro de oitenta mil euros). Aquilo que se espera do Partido Socialista é uma forte reacção à estratégia do actual Governo nesta matéria. O PS deve ser sensível às exigências de austeridade, mas tem de perceber que o Governo pretende outra coisa: manter apenas uma ‘safety-net' muito baixa, o que equivale à destruição do Estado social.’

Visto em "Câmara Corporativa"

Uma câmara de gás não seria mais prático?


Os velhos são uma chatice pois ganham pensões, os trabalhadores trabalham poucas horas, os professores estão a mais, não há lugar para os jovens quadros, os funcionários públicos são um peso, o país está cheio de portugueses inúteis, improdutivos, sem possibilidade de se empregarem.

Para os professores o pequeno Rangel teve a brilhante ideia de criar uma agência para os exportar, essa agência poderia até fazer publicidade em Angola, oferece-se um professor na troca de um barril de crude ou oferecem-se 500 professores por cada empresa portuguesa comprada pela família Santos.

O problema é que se ainda há quem possa querer professores portugueses, ainda que tenham a mania de derrubar governos e ser contra avaliações, dificilmente há quem nos queira levar os velhos, e todos os inúteis, desde os licenciados em gestão pela Lusíada aos que cem vez de estudarem a sério estão convencidos de a melhor forma de ter sucesso na vida é passar pela universidade de Castelo de Vide.

Tirando gente como os Mellos, os Espírito Santo e outros com menos pedigree mas que se encheram de dinheiro como os Relvas, os Loureiros e outros banqueiros, parece que o país está cheio de gente que não faz falta, que se continua a reproduzir como coelhinhos. Isto já não vai com agências e coisas dessas, não será melhor algum intelectual do PSD propor o recurso a câmaras de gás para eliminar esta praga de portugueses de segunda, parasitas, gandulos e improdutivos?

Visto no "Jumento"


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Antigos autarcas recordam as primeiras eleições locais há 35 anos

A 12 de dezembro de 1976 milhares de candidatos participaram nas primeiras eleições para as autarquias locais em todo o País. Foi um ato gigantesco de envolvimento político e de empenhamento na vida coletiva. E os homens e mulheres, então eleitos, foram os grandes impulsionadores e fundadores daquilo que é hoje o Poder Local democrático.

Texto Carlos Júlio Ilustração Paulo Monteiro, no Diário do Alentejo

Depois de conquistada a liberdade democrática a 25 de Abril de 1974 os portugueses já tinham votado três vezes – a 25 de Abril de 1975 para a assembleia constituinte, um ano depois para as eleições legislativas e a 27 de junho de 1976 para a Presidência da República. Mas as eleições para o Poder Local, quer pelo número de candidatos que mobilizou, quer pela proximidade às populações e a sua capacidade para resolver os problemas mais imediatos das pessoas – água, luz, estradas e saneamento –, ganharam uma importância acrescida.

Trinta e cinco anos depois, o “Diário do Alentejo” foi procurar alguns dos protagonistas deste início da “arquitetura” do Poder Local no Baixo Alentejo. Todos referem a “alegria”, o ”empenhamento”, a “disponibilidade” que então existiam.

O padre Manuel Reis, ainda hoje a exercer a sua função pastoral, tinha 34 anos. Foi eleito pelo PS presidente da Câmara Municipal de Vidigueira. Diz hoje ao “Diário do Alentejo” que “foram tempos muito gratificantes”: “Começámos tudo do zero. Sobre o Poder Local existia apenas o que dizia a constituição. Tudo o resto, a própria legislação, apareceu depois”.

Manuel Reis esteve apenas um mandato (de três anos) à frente da câmara, mas recorda “com muito gosto” este período “em que todos nos empenhámos, independentemente dos partidos a que pertencíamos, nos caboucos desta construção que foi o Poder Local e de que, muitas vezes, fomos as pedras em que o alicerce assentou”.

“Havia muito empenho. O espírito de todos era servir e melhorar as condições de vida das populações. Faltava tudo: água, esgotos, caminhos. Havia muitas povoações no Alentejo, não no concelho, ainda sem eletricidade. Os meios de que dispunhamos eram quase nulos, mas todos fazíamos os impossíveis para resolver essas carências e sentíamos que estávamos a trabalhar para o bem da comunidade”, diz.

O mesmo sentimento é partilhado por Fernando Caeiros, eleito pela FEPU (Frente Eleitoral Povo Unido, liderada pelo PCP) em Castro Verde. “As primeiras eleições autárquicas marcaram a institucionalização de um novo modelo de relacionamento com os cidadãos através do voto e de um compromisso político dos candidatos com os eleitores, que às vezes não passava de uma folha em formato A4, mas que foi importante no assumir de uma nova postura e de uma nova forma de encarar o poder local”, refere.

Fernando Caeiros, agora vogal da autoridade de gestão do INAlentejo, quando foi eleito em 1976 era o mais jovem presidente de câmara do País. Tinha 22 anos e considera que a sua candidatura “não foi um ato nem refletido, nem irrefletido”: “Aconteceu. Nessa altura já o antigo espaço republicano e oposicionista se tinha dividido, com as principais personalidades a definirem-se pela social-democracia. Em Castro Verde, o MDP/CDE tinha algum peso, mas poucas figuras. Talvez por isso tenha sido escolhido para encabeçar a lista”.

Recorda que “as eleições foram muito e vivamente participadas, com uma concorrência forte entre as diversas candidaturas, mas as questões em debate não eram muito partidárias, porque os partidos nessa altura ainda não estavam muito consolidados”.

Fernando Caeiros, após ser eleito, elaborou umas pequenas fichas de inquérito que distribuiu pelas localidades do concelho onde perguntava quais eram as necessidades mais sentidas pelas populações. “Era tudo feito na base do voluntarismo, as câmaras não tinham técnicos e mesmo o quadro de pessoal era muito escasso. Mas as populações também, nessa altura, não pediam muito: um fontanário, um caminho, etc. Os grandes projetos só vieram depois”.

Para o ex-autarca, “estas primeiras eleições foram apenas um ponto de partida, o princípio de um percurso em que ensaiámos o que depois foi conseguido, nomeadamente a lei que consagrou a autonomia financeira das autarquias locais, em 1979”.

Mas nem sempre tudo corre pelo melhor. “Há momentos na vida autárquica de uma solidão atroz. Quando as coisas correm bem, os sucessos são partilhados por todos. Quando correm mal, como às vezes acontece, o principal responsável é sempre o presidente da câmara que vive esses momentos duma forma solitária e muito difícil”, desabafa Fernando Caeiros.

Por esta altura, em Beja, Manuel Masseno, depois de presidir à Comissão Administrativa da Freguesia de Santa Maria, foi candidato à assembleia municipal.

Para este militante do PS, “foram tempos memoráveis”. Masseno recorda “sobretudo o entusiasmo das pessoas nessas primeiras eleições” de que resultou, na sua freguesia, uma votação “que ultrapassou os 90 por cento”.

“As coisas eram muito diferentes daquilo que hoje acontece. Tudo era novo e toda a gente tinha uma grande esperança. Havia uma grande disponibilidade para todos participarem e tudo era feito à borla”, diz.

Nessas primeiras eleições, das 14 câmaras do distrito, a FEPU elegeu nove presidentes (Aljustrel, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Odemira e Serpa), o PS quatro (Almodôvar, Alvito, Moura e Vidigueira) e o PSD apenas em Ourique.


FEPU ganha no litoral No litoral alentejano, as quatro câmaras do distrito de Setúbal (Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines) foram ganhas pela FEPU.

Em Sines, Francisco do Ó Pacheco tinha 28 anos quando foi eleito presidente da câmara. Era prospetor bancário e foi escolhido para liderar a lista em plena obra de construção do complexo industrial. “Como se não bastasse ser tudo novo, ainda havia a desvantagem das obras, o que fazia com que Sines tivesse o dobro da população e muitos problemas, para além daqueles que eram habituais noutros concelhos”, refere ao “Diário do Alentejo”.

“Mas foram tempos de grande alegria. Ainda vínhamos embalados com os sonhos do 25 de Abril, da revolução, de querermos fazer tudo. Para nós o importante era resolver os problemas das populações, fossem ou não competência dos municípios. Tínhamos um lema que era o seguinte: tudo o que acontecesse num município, fosse de que natureza fosse, tinha a ver com a câmara”, acrescenta.

Francisco Pacheco, que ainda se mantém como autarca, agora como vereador na oposição, ainda na Câmara de Sines, diz que “havia uma disponibilidade e uma vivência coletiva muito diferente da que existe hoje”: “A Câmara não tinha dinheiro, mas dávamos as máquinas, os materiais apareciam e a mão de obra era oferecida. E as coisas apareciam feitas: as estradas, os caminhos, etc. Hoje há um envolvimento muito pequeno das populações em qualquer decisão e criou-se um sistema de subsidiodependência em que se perdeu, por exemplo, a própria base comunitária de muitas associações, que deixaram de ter assembleias gerais participadas e em que arranjar uma lista para a direção é muito difícil”.

E acrescenta que, na sua opinião, “as autarquias caminharam e caminham para uma tecnocracia exageradíssima, cada vez mais distante da realidade das comunidades em que se integram. E se a Reforma da Administração Local for para a frente será a estocada final no Poder Local”.

Manuel Masseno partilha a mesma opinião e diz estar “muito desanimado com o curso que a política, em geral, está a seguir”: “Há um grande desinteresse por parte de todos”, diz.

Sobre o Poder Local, que diz ser “de todos os poderes o que mais brilhou e mais trabalhou em todos os anos que levamos de democracia”, considera que está ameaçado. “O que este governo está a pretender fazer com a Reforma da Administração Local é sinal de que não percebe nada disto. Acabar com uma junta de freguesia no Alentejo é uma coisa muito diferente de acabar numa grande cidade. Se tiram a junta de freguesia, depois de já terem tirado tudo, até a GNR, onde é que as pessoas se podem dirigir, a quem se podem queixar?”, pergunta. E deixa o desabafo: “Estes governantes andam na lua e o ministro da Administração Interna não sabe absolutamente nada do que anda a fazer”.

Fernando Caeiros, por seu turno, aponta também a diferença que há em pretender extinguir freguesias nos grandes centros urbanos, ou no interior, já de si desertificado, e teme que “as alterações de que se fala podem ser complicadas porque visam trazer para o Poder Local alguma das características de outros níveis de poder, o que é mau”.

“O que é preciso é não desistir do Poder Local. A proximidade que existe e o conhecimento que os cidadãos têm acerca das decisões e dos intervenientes no espaço público tornam os governos locais mais eficazes do que outros níveis da administração. E na democracia isso é o que mais vale a pena”, conclui.

O padre Manuel Reis entende não se pronunciar sobre os desafios atuais do Poder Local. Diz apenas que “hoje as coisas são diferentes, há mais assessores e mais técnicos, mas falta o envolvimento “que existia nessa altura”. Um envolvimento “que passava mesmo pelos diversos presidentes de câmara de todo o distrito, independentemente da área política a que pertenciam. Reuníamo-nos todos os meses, sempre num concelho diferente e era um momento de trabalho, mas também de partilha e de convívio. Criámos laços de amizade uns com os outros, que também facilitava muito as coisas”, acrescenta o pároco de Vidigueira. .....

sábado, 17 de dezembro de 2011

Novos patrões querem andar de borla de riquexó

Luís Reis lider da recente Confederação de Serviços de Portugal (CSP),
 é também chief corporate center officer da Sonae.

Zeca Afonso: Os Vampiros


O Conselho de Ministros já aprovou o aumento do horário de trabalho em meia hora por dia, mas os regimes de flexibilidade já admitidos são menos ambiciosos do que os que propõe uma nova federação do patronato, parida à sombra deste governo.

Esta Federação composta pelos “velhos patrões”, com a língua congelada desde a conquista civilizacional das 8 horas de trabalho, deitam agora as "unhas de fora" e querem alargar o horário de trabalho com aviso no próprio dia.

Para destilarem na comunicação o seu desprezo pelos trabalhadores, contrataram uma série de Chicago Boys.

Luís Reis chefe deste bando de oportunistas, adeptos da institucionalização do "trabalho escravo", enfileirados na recente Confederação dos Serviços de Portugal (CSP), defende que as empresas possam acrescentar até três horas por dia ao horário normal, em alturas de picos.

Estes arrogantes provocadores, de costas quentes desde as últimas eleições, ao proporem condições de trabalho ainda piores do que aquelas que foram aprovadas por este governo do PSD/CDS, criam as condições psicológicas para que passe a mensagem de, "antes assim do que pior".

Será que ficará tudo por aqui?

PSD perde 2,6% nos primeiros 6 meses de Governo

Na Sondagem Expresso/SIC/RR, PSD é o único partido a descer desde as eleições e Paulo Portas o único a subir na popularidade


Entre austeridade e reformas de fundo em sectores chave, o PSD perdeu nos primeiros 6 meses de governação 2,6 pontos nas intenções de voto. O PSD é, ainda, o único partido a estar nesta altura abaixo do resultado obtido nas legislativas de junho. De qualquer modo, a queda de novembro para dezembro é menos acentuada que a anterior (0,6%), situando-se nos 0,3%.

O PS continua a crescer de uma forma estável, mantendo o aumento das intenções de voto nos 0,4% desde novembro. Passados 6 meses da derrota socialista, se as eleições fossem hoje, o PS teria um resultado de 30%, mais 1,9% de votos que em junho.

CDS-PP regista uma subida, estando agora nos 12,5% das intenções de voto, com uma vantagem de 0,8 % relativamente às eleições legislativas. A coligação favorece claramente o CDS-PP, que mesmo numa altura de apresentação de medidas impopulares, consegue subir 0,5%.

A CDU desce 0,2% neste período, mas possui 8,8% das intenções de voto, uma clara subida desde as legislativas. Já o Bloco de Esquerda regista a maior subida (1,2%) a seguir ao PS comparando com os resultados das legislativas. Com uma subida em dezembro de 0,3%, o Bloco detém 6,4% da intenção de votos.

Paulo Portas, o silêncio vale ouro

Arredado dos anúncios de medidas de austeridade e comprometido a cortar despesas no seu ministério, Paulo Portas é o único a subir nas sondagens de popularidade (+0,9%).

Nem Cavaco Silva foge ao descontentamento dos eleitores, registando a maior queda, menos 2,9% face à última sondagem, embora lidere ainda as preferências com um saldo positivo de 26,4%. Também com saldo positivo encontramos o primeiro-ministro e os líderes dos partidos da oposição.

Governo, Juízes e Magistrados apresentam saldos negativos acentuados e é de registar a queda de 2,7% da Assembleia da República.

Sondagem Expresso/SIC/RR aqui

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Apanhados a roubar gasóleo da câmara

GNR deteve dois homens e uma mulher


A GNR deteve, na madrugada desta sexta-feira, dois homens e uma mulher, de nacionalidade estrangeira, quando furtavam gasóleo no estaleiro municipal de Viana do Alentejo (Évora), disse fonte da força de segurança.

Os três suspeitos, familiares e com idades entre os 25 e os 27 anos, foram «apanhados em flagrante pouco depois das 3:00, a furtar gasóleo de várias viaturas no estaleiro municipal» de Viana do Alentejo, precisou à agência Lusa a fonte da GNR.

Segundo a mesma fonte, quando foram apanhados, os três detidos «já tinham nove recipientes com combustível» que haviam retirado das viaturas.

«Como já tinham ocorrido, há poucos dias, vários furtos naquele local, a GNR intensificou o patrulhamento na zona do estaleiro municipal», indicou a fonte, acrescentando que os três jovens são suspeitos da autoria das outras situações idênticas.

Também em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Câmara de Viana do Alentejo, João Pereira, adiantou que, nas últimas semanas, já tinha sido detetada falta de combustível em várias viaturas do município.

«Desde que nos apercebemos dos furtos, há cerca de um mês, já nos terão furtado cerca de dois mil litros de gasóleo», referiu o autarca.

Os detidos foram presentes esta sexta-feira a tribunal, mas ainda não foram divulgadas eventuais medidas de coacção.

TVI 24

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CGTP: uma semana de luta, contra o aumento do horário de trabalho e em defesa do emprego, salários e direitos.



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Sócrates disse o óbvio

 Passos Coelho questionado pelos jornalistas, sobre as declarações de José Sócrates:
"pagar a dívida de uma única vez parecia uma coisa de criança".
O primeiro ministro declara:"ninguém pode discordar" .

por Daniel Oliveira, no "Arrastão"

"As dívidas dos Estados são, por definição, eternas. As dívidas gerem-se." São eternas porque, ao contrário das pessoas, os Estados não morrem. Nunca nenhum País decidiu ficar com as suas dívidas a zero. A questão é sempre e apenas se pode continuar a pagá-las. Se os juros praticados são suportáveis e o seu crescimento económico permite cobrir os custos da dívida. E por isso são geridas. O que José Sócrates disse, para qualquer pessoa minimamente informada e que esteja de boa-fé nem merece debate. Não é matéria de opinião e ou de confronto ideológico.

No entanto, bastou o ex-primeiro-ministro afirmar uma ululante evidência para que se instalasse a indignação do costume. "Esta declaração do engenheiro José Sócrates explica porque é que afinal a bomba lhe rebentou nas mão e ele nos conduziu para a tragédia em que nos encontramos. Se as dividas não são para pagar e se foi isso que ele enteu dos estudos que fez de economia e finanças então está explicado porque ele não se preocupou que Portugal tivesse cada vez mais dívidas e não as pagasse." A frase é do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de José Sócrates, Freitas do Amaral, que teve simpatia pelo antigo regime antes do 25 de Abril, foi democrata depois dele, de direita quando a direita chegou ao poder, apoiante e governante do PS quando o PS ganhou as eleições e é agora entusiasta apoiante de Passos Coelho. Trata-se de um fenómeno que desafia as leis física: como pode alguém sem espinha dorsal manter-se de pé? Neste caso é fácil explicar a falta de honestidade intelectual. Noutros, é bem mais preocupante.

É fácil acreditar na ideia de que a nossa situação atual se deve a um homem. Mesmo que tudo nos demonstre o absurdo de tese. Sócrates não conseguiu, apesar de tudo, governar Portugal, a Grécia, a Irlanda, Itália e a Espanha em simultâneo. E mesmo os nossos problemas - dívida externa, desigualdade na distribuição de rendimentos, crescimento cronicamente baixo, desequilíbrio da balança de pagamentos, uma moeda demasiado forte, distorções no mercado de arrendamento, falta de competitividade da nossa produção, erros crassos no nosso modelo de desenvolvimento - não têm seis anos. Só que resumir tudo à dívida pública e a um homem dispensam-nos de qualquer reflexão mais profunda. Há um culpado e a coisa está feita. E tem outra utilidade: sendo a culpa do primeiro-ministro anterior só nos resta aceitar tudo o que seja decidido agora. Afinal de contas, Passos Coelho está apenas a resolver os problemas deixados pelo seu antecessor.

Sócrates foi, na minha opinião, logo depois de Cavaco Silva (que desperdiçou uma oportunidade histórica), o pior primeiro-ministro eleito da nossa democracia. Mas nem por isso dispenso a honestidade intelectual e o rigor na análise. Nem por isso aceito a estupidificação coletiva na interpretação de uma frase óbvia. Nem por isso aceito o simplismo político. Nem por isso resumo o debate à demonização de uma só pessoa. Que políticos ressabiados ou gente que se quer pôr em bicos de pés o façam - e não posso deixar de assinalar que Pedro Passos Coelho se recusou a entrar na gritaria e encerrou o assunto com um "acho que ninguém pode discordar" - não me espanta. Já acho mais perturbante que economistas e jornalistas de economia embarquem em tão rasteiro expediente argumentativo. Torna-se difícil dar crédito a qualquer opinião que emitam sobre qualquer outro assunto.

Escrevi-o antes das eleições em que o PS foi julgado pela democracia e escrevo-o de novo: se os problemas portugueses e europeus tivessem começado e acabado em José Sócrates bem mais fácil seria a nossa vida. E nem o confronto político desculpa a desonestidade intelectual da indignação que se instalou com a afirmação do óbvio.


domingo, 11 de dezembro de 2011

Temos que abandonar o mito do crescimento económico infinito', diz economista

Há vinte anos, a queda do Comunismo no Leste Europeu parecia provar o triunfo do capitalismo. Mas teria sido uma ilusão?

Os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não 
precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos 
importamos chegaram ao fim"

Tim Jackson

Os constantes choques no sistema financeiro internacional nos últimos anos levaram a BBC a perguntar a uma série de especialistas se eles acham que o capitalismo fracassou.
O capitalismo fracassou?

'Falhamos com reguladores e gerentes', diz secretrário da OCDE

Neste texto, Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey e autor do livro Prosperity without Growth - Economics for a Finite Planet (Prosperidade sem Crescimento: Economia para um Planeta Finito, defende o abandono do mito do crescimento infinito:

Toda sociedade se aferra a um mito e vive por ele. O nosso mito é o do crescimento económico.

Nas últimas cinco décadas, a busca pelo crescimento tem sido o mais importante dos objetivos políticos no mundo.

A economia global tem hoje cinco vezes o tamanho de meio século atrás. Se continuar crescendo ao mesmo ritmo, terá 80 vezes esse tamanho no ano 2100.

Esse extraordinário salto da atividade econômica global não tem precedentes na história. E é algo que não pode mais estar em desacordo com a base de recursos finitos e o frágil equilíbrio ecológico do qual dependemos para sua sobrevivência.

Na maior parte do tempo, evitamos a realidade absoluta desses números. O crescimento deve continuar, insistimos.

As razões para essa cegueira coletiva são fáceis de encontrar.

O capitalismo ocidental se baseia de forma estrutural no crescimento para sua estabilidade. Quando a expansão falha, como ocorreu recentemente, os políticos entram em pânico.

As empresas lutam para sobreviver. As pessoas perdem seus empregos e em certos casos suas casas.

A espiral da recessão é uma ameaça. Questionar o crescimento é visto como um ato de lunáticos, idealistas e revolucionários.

Ainda assim, precisamos questioná-lo. O mito do crescimento fracassou. Fracassou para as 2 biliões de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia.

Fracassou para os frágeis sistemas ecológicos dos quais dependemos para nossa sobrevivência.
Fórum: O capitalismo fracassou?

Crise e oportunidade

Mas a crise econômica nos apresenta uma oportunidade única para investir em mudanças. Para varrer as crenças de curto prazo que atormentaram a sociedade por décadas.

Para um compromisso, por exemplo, para uma reforma radical dos mercados de capitais disfuncionais.

A especulação sem controle em commodities e em derivativos financeiros trouxeram o mundo financeiro à beira do colapso há apenas três anos. Ela precisa ser substituída por um sentido financeiro mais longo e lento.

Consertar a economia é apenas parte da batalha. Também precisamos enfrentar a intrincada lógica do consumismo.

Os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim.

Viver bem está ligado à nutrição, a moradias decentes, ao acesso a serviços de boa qualidade, a comunidades estáveis, a empregos satisfatórios.

A prosperidade, em qualquer sentido da palavra, transcende as preocupações materiais.

Ela reside em nosso amor por nossas famílias, ao apoio de nossos amigos e à força de nossas comunidades, à nossa capacidade de participar totalmente na vida da sociedade, em uma sensação de sentido e razão para nossas vidas.

Visto em "BBC-Brasil"

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Na TAP há uma ameaça de greve ou uma chantagem?


Bem sei que os pilotos dizem que houve alguém em 1999 que lhes prometeu 20% do capital da companhia em caso de privatização. Como bem se percebe 20% da TAP torna todos os pilotos milionários. É este o espírito de um direito como a greve? Isto é defender o direito ao trabalho, a condições dignas, a um vencimento ao nível dos seus iguais em outras companhias a operar no mesmo mercado?

Não, não é!

Isto é utilizar a força da corporação de interesses que representam para enriquecerem à custa do accionista e dos seus colegas que trabalham na mesma empresa. Não são as regras do jogo, trai os princípios básicos da greve. O accionista Estado pode assim tomar, também ele, medidas extraordinárias como seja substituir os pilotos em greve por outros que se mostrem disponíveis.

Uma empresa pública que tem sobrevivido à custa dos nossos impostos, com transferências avultadas, há dezenas de anos, de dinheiro do estado, está sujeita a uma chantagem de uma pequena parte dos seus trabalhadores. Não é direito que assista a quem faz greve.

Em todas as outras empresas do estado os trabalhadores também vão para a greve exigir serem accionistas? Esses seres capitalistas que tanto desprezam?
...

Visto em "Pegada"

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

XII mostra de doçaria de Alcáçovas


domingo, 4 de dezembro de 2011

A PSP usou agentes provocadores na manifestação de dia 24, em Lisboa ?

Notícias do estado em vias de se tornar policial (3)
por Sérgio Lavos, no Blog "Arrastão"



Finalmente, os media começam a noticiar os sérios abusos cometidos pela polícia no dia da Greve Geral, sobretudo na manifestação que desceu até ao Parlamento.

Hoje, o Jornal de Notícias dá voz aos protestos de João Palma, líder sindical do Ministério Público: "A confirmarem-se os agentes provocadores, é grave". E a Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados: actuação da PSP foi "vergonhosa e indigna" e "Devem ser exemplarmente punidos os comandantes policiais ou membros do Governo que permitiram essas práticas".

Os indícios de que terá havido ordens superiores para que agentes infiltrados fingissem provocar os seus companheiros fardados são evidentes e tanto o director da PSP, Guedes da Silva, como o ministro da tutela, Miguel Macedo, têm de responder por estes abusos.

(Via 5 Dias.Net).

Adenda: mudei a imagem (retirada daqui) para que quem anda entretido com cortinas de fumo perceba bem o que é um agente infiltrado e provocador. Mas podem continuar a assobiar para o lado - eu é que não tenho tempo para desconversas e tonterias.

sábado, 3 de dezembro de 2011

A História vos absorverá


manu chao & mano negra - machine gun

Nicolau Santos, A História vos absorverá:

‘(…) O que Pedro Passos Coelho nos está a propor é que trabalhemos mais horas, por menos dinheiro e com menos direitos — esperando que daí resulte, no final, um país mais moderno, inovador e dinâmico. Está-se a ver que vai resultar.

A Europa é governada pelo duo Merkozy; Portugal pelo duo Coelhar. Coelho dá o aval político ao falcão Vítor Gaspar. O ministro das Finanças é o representante da ortodoxia do BCE no Governo português. E se as coisas correrem muito mal, não é de excluir que venhamos a ter, a prazo, Gaspar no lugar de Coelho, por imposição da Alemanha. Já houve surpresas maiores.

O Orçamento do Estado para 2012 é o espelho do pensamento deste duo. Passos protegeu a sua base de apoio, poupando os municípios, que mantiveram os limites de endividamento e autonomia para contratar, escapando também a fusões e extinções, ao contrário do que está expresso no memorando de entendimento. Em contrapartida, o preconceito de Gaspar contra o sector público está expresso nos cortes de salários e subsídios aos funcionários públicos — e vai acabar durante 2012 na tentativa de despedimento de milhares destes trabalhadores.

(…)

O país que este Governo vai deixar será muito mais pobre e desigual, mas também menos competitivo, inovador e dinâmico. Não, a História não vos absolverá. A História vos absorverá. Como e por que meios, é o que veremos.’

Visto na "Câmara Corporativa"

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Música para Todos: Sexta-feira, 2 de Dezembro, pelas 19:00 horas

Cine-Teatro Vianense

De 7 de Outubro de 2011 a 22 de Junho de 2012

Projecto: "Saber dos Sons"

Produção: Câmara Municipal de Viana do Alentejo

Colaboração: Maestro Christopher Bochmann

Sexta-feira, 2 de Dezembro, pelas 21:30 horas
Capitão América: O Primeiro Vingador



Ano: 2011
País: EUA
Género: Acção, Aventura, Ficção Científica
Duração: 124 min.
Classificação: M/12
Realização: Joe Johnston

Intérpretes: Chris Evans, Hugo Weaving, Natalie Dormer, Stanley Tucci, Tommy Lee Jones, Toby Jones, Sebastian Stan e Hayley Atwell.

Sinopse:

Steve Rogers (Chris Evans) apresenta-se como voluntário para participar num programa experimental, que acabará por torná-lo no Super Soldado conhecido como Capitão América. Agora, Rogers irá unir esforços com Bucky Barnes (Sebastian Stan) e Peggy Carter (Hayley Atwell) para entrar em guerra contra a organização maléfica HYDRA, liderada pelo vilão Caveira Vermelha (Hugo Weaving).
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Domingo, 4 de Dezembro, pelas 16:00 horas
Animais Unidos Jamais Serão Vencidos



Ano: 2010
País: Alemanha
Género: Animação
Duração: 93 min.
Classificação: M/6
Realização: Reinhard Klooss, Holger Tappe

Vozes: Ana Bustorff, António Machado, Diana Chaves, José Raposo, Manuel Marques, Rui Unas, Victor de Sousa

Sinopse:
Os animais da savana são surpreendidos pelo atraso na chegada da água, e a seca ameaça a sua sobrevivência. Descobrem entretanto que isto se deve à construção de uma barragem que inclui uma estância turística de luxo e lhes corta o abastecimento natural de água.
Posto isto os animais decidem unir forças e repor a ordem natural das coisas, e fazer regressar a água à savana. Como líder do grupo surge um herói improvável, Toni, um destemido mas ao mesmo tempo desajeitado suricate que reúne e motiva todo o grupo para a “revolta” dos animais, a quem se juntam o seu fiel amigo Leonardo, uma espécie de leão “reformado” das suas naturais funções, que curiosamente é vegetariano, Gigi e Angela, uma parelha de “top model” versão girafa e hipopótamo.

Horários de Bilheteira:
De quarta a sexta-feira das 14:30H às 17:30H
No próprio dia 1 hora antes do espectáculo/sessão

Contacto para reservas:
Telf: 266791007

mail: cine-teatro@cm-vianadoalentejo.pt

Todas as reservas devem ser levantadas até meia hora antes do espectáculo/sessão

PSD admite pedir intervenção do Ministério Público no caso da reunião pública entre autarcas e trabalhadores em Beja

Foto Correio Alentejo
O PSD/Beja admitiu hoje pedir a intervenção do Ministério Público no caso da reunião pública entre autarcas e trabalhadores de municípios PS e CDU do Baixo Alentejo para contestar o Orçamento do Estado, alegando que "pode configurar uma ilegalidade".

Em comunicado enviado à agência Lusa, a distrital de Beja do PSD considera "incompreensível" que os autarcas de 11 municípios PS e CDU, que "se queixam de dificuldades financeiras e criticam o Governo pelos cortes orçamentais", "facultem transporte e combustível e dispensem funcionários das suas tarefas para os concentrar" em Beja para numa reunião pública, que "poderiam fazer" nas várias autarquias "sem prejuízo para o erário público".

Devido à "gravidade da situação", a distrital de Beja do PSD vai pedir à Associação Nacional de Municípios Portugueses, à Direção Geral da Administração do Território e à Secretaria de Estado da Administração Local para se pronunciaram sobre a "legalidade" da iniciativa e "admite pedir a intervenção do Ministério Público".

Contactado pela Lusa, o vice-presidente da Comissão Política Distrital de Beja do PSD, Carlos Valente, disse que "é escandaloso autarcas marcarem uma reunião para uma praça pública, que mais parece uma manifestação, e utilizando meios das câmaras".

"Os autarcas não têm como função organizar manifestações utilizando os meios das câmaras", frisou.

Por isso, o PSD quer que "as entidades competentes e o Ministério Público se pronunciem sobre a matéria, porque se era uma reunião poderia ser feita de várias maneiras, mas não de uma que mais parece uma manifestação", explicou.

"Em primeiro lugar, vamos pedir às entidades competentes para que se pronunciem" sobre o caso e, depois, "se se configurar a possibilidade de não ser legal queremos que o Ministério Público também se pronuncie", disse.

Confrontado pela Lusa, Jorge Pulido Valente, presidente do conselho executivo da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), que promoveu a reunião, escusou-se a comentar a posição da distrital de Beja do PSD.

Mais de mil trabalhadores e autarcas de 11 municípios PS e CDU do Baixo Alentejo concentraram-se na segunda-feira, em Beja, para contestar os "impactos negativos" do Orçamento do Estado (OE) para 2012, que as autarquias consideram "desastroso".

A sessão pública, que decorreu na Praça da República, serviu para os autarcas "esclarecerem" os trabalhadores sobre os "impactos negativos" do OE na vida das autarquias e respetivos funcionários e populações da região.

Na sessão, os autarcas apresentarem ainda as suas reivindicações relativas ao OE e os trabalhadores, através de faixas, contestaram medidas.

A sessão foi decidida pelo conselho executivo da CIMBAL com os votos a favor de 12 dos 13 municípios que integram a entidade, seis do PS e seis da CDU, e a abstenção do de Almodôvar, do PSD, que não participou na iniciativa.

Dos municípios que aprovaram a iniciativa, participaram na reunião autarcas e trabalhadores das autarquias socialistas de Aljustrel, Beja, Cuba, Mértola e Ourique e dos comunistas de Alvito, Barrancos, Castro Verde, Moura, Serpa e Vidigueira, mas faltaram os do município PS de Ferreira do Alentejo.


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