domingo, 28 de junho de 2009

A propósito da data das eleições legislativas

Pessoalmente e sem me prender a tácticas partidárias de circunstância*, concordo com a realização em datas separadas das eleições, respectivamente, autárquicas e legislativas (agora, já se sabe, estas últimas em 27 de Setembro).

Acho que no balanço entre as duas opções que se têm prefigurado e que suscitaram a discussãozinha em curso, haverá mais a ganhar separando-se os respectivos actos. Não creio que o argumento da despesa pública seja assim tão relevante (nomeadamente, no contexto dos crónicos desperdícios ou gestão financeira não muito transparente em que a res publica permanentemente vive), sobretudo, se pensarmos que poderá estar em causa a clareza do debate político. Mas, mais do que isso,

mais do que o argumento de que os eleitores poderão confundir-se debatendo-se com 3 boletins nas câmaras de voto (em muitos casos até será mesmo verdade, exponenciando os votos equivocados, brancos ou nulos), há a questão de não confundibilidade de debates e de estratégias políticas. A lógica e a abordagem local/autárquica implica outro tipo de debate (até mesmo, menos ideológico), diferente daquele que se levanta previsivelmente no âmbito de uma campanha para o Parlamento (no nosso sistema, indirectamente, para o governo do Estado). Essa confundibilidade - podendo acontecer - não seria boa para o funcionamento do próprio sistema político (não é que ele já seja lá muito bom, mas, enfim….).

Mas haveria ainda um risco que poderia potenciar-se e que, caso se concretizasse, seria francamente mau: o risco de se secundarizar a eleição autárquica e, consequentemente, a lógica democrática e a legitimidade do funcionamento do poder local.

Dito isto, teria sido muito mais razoável e lógico juntar-se as legislativas com as eleições europeias. As “águas” são (mais ) natural e perceptivelmente separáveis! Não o quiseram fazer e agora, muitos dos que invocam por razões táctico-partidárias a suposta vantagem em se acoplar as autárquicas com as legislativas, com certeza que estarão a pensar que bom, mesmo bom, teria sido seguir-se aquela opção europeias/legislativas…. Ai se se soubesse o que se sabe hoje!

* Até mesmo porque me parecem todas essas tácticas muito aéreas, muito fundadas no espírito sondagístico… O elan do PSD, mais do que resultante de artificiosas previsões, fundadas em pressupostos também eles muito elaborados racionalmente, assenta (ou então, não será um elan suficiente) num estado sociológico e num sentir “intuitivo-político” das populações e dos eleitores, que penalizam José Sócrates.

Retirado do http://blasfemias.net/

Assim teremos, eleições legislativas a 27 de Setembro e autárquicas a 11 de Outubro.


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