• José Pacheco Pereira, [hoje na revista Sábado]:
‘Eu sei bem o peso semântico de uma palavra como vingança, mas não posso
escapar-lhe.
Quando lemos e ouvimos o actual discurso do poder, em toda a sua
extensão, do primeiro-ministro, da maioria dos governantes (nem todos), do
establishment do poder aos blogues serventuários, à escrita e ao
comentário de bajulação e de legitimação, percebe-se um tom revanchista que
transpira por todo o lado.
Pode ser a pretexto de Sócrates, do PS, dos
grevistas, dos estivadores, dos funcionários públicos, do Estado, dos que querem
continuar "como dantes", dos que "têm direitos a mais", dos que querem
esconder-se atrás do "escudo de uma Constituição obsoleta", dos que não querem
sair da sua "zona de conforto", mas é na verdade sobre Portugal e os portugueses
que se usa esse tom.
Os portugueses têm de mudar de vida pela pobreza e pela
virtude, pelas ideias simples e rudimentares de quem nunca passou de vagas e
ignorantes noções obtidas pelas modas nos media e nos blogues, alicerçada
depois pela vaidade das companhias certas dos grandes do mundo.
Por isso, o
espírito de vingança está lá, contra os portugueses que apanharam todos o maior
charter do mundo e foram ao México passar férias em Acapulco, andar de
sombrero, ouvir mariachis e beber tequila e por isso devem
ser agora punidos colectivamente por um retorno à pobreza purificadora.’
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