Aberta a caça à melhor "ideia" para
reformar o Estado, é de esperar o pior cortejo delas ou, mais
propriamente, do que passará por elas. Para a saúde, o PS, numa só
manhã, conseguiu dizer tudo e o seu contrário pela voz de prolixos
"porta-vozes" que, pelos vistos, não se entendem sobre a coisa. A coisa é
a ADSE que alguns "especialistas" querem extinguir a coberto de uma
alegada "distorção" social e económica. A "direita" tem também alguma
dificuldade em perceber que é o SNS que deve aproximar-se do sistema
ADSE e não contrário. José Mendes Ribeiro já o explicou com meridiana
clareza, para crédulos, no livrinho da foto e, imagino, a vários
ministros da Saúde, incluindo o actual.
Quem beneficia da ADSE não o faz
de borla. "Desconta" mensalmente para o efeito, esteja no activo ou
esteja aposentado. Para além disso, "desconta" brutalmente em IRS para,
entre outras coisas (por causa do princípio da não consignação da
receita), o SNS onde, quando a ele recorre, paga as respectivas "taxas
moderadoras". Feitas as contas, o repelente funcionário público - que
estraga o liberalismo caseirinho das esquerdas e das direitas -
"desconta" três vezes e paga, fora a ADSE, do seu bolso, o que não é
comparticipado quando vela pela sua saúde. O Estado poupava mais se o
SNS adoptasse um regime tipo ADSE do que mantendo o "ideológico" SNS da
bandeirinha, esse sim, um poço sem fundo.
Adenda: A culminar a
brilhante "jornada ADSE", Miguel Sousa Tavares, na SIC, tratou de dizer
que enquanto os trabalhadores do sector privado descontam 11% para a
segurança social, os trabalhadores investidos em funções públicas
descontam 1% para a ADSE. Isto para ilustrar uma "desigualdade" de
descontos para subsistemas de assistencia na doença. Ora uma coisa não
tem nada a ver com a outra como S. Tavares devia saber (ou ter procurado
saber) antes de falar.
Os 11% destinam-se a financiar a parte
contributiva do trabalhador para a sua futura pensão e não o SNS: o SNS é
financiado com os impostos deles e dos chamados funcionários públicos.
Estes, como expliquei acima, pagam para os dois sistemas, o da ADSE e o
SNS. As antigas "caixas" há muito que deram lugar aos centros de saúde,
onde são prestados os chamados cuidados primários de saúde, que integram
o SNS. Como escreveu em comentário um leitor - mal ele sabia a confusão
que ainda estava para sair da boca de S. Tavares - é mesmo preciso
«explicar às almas exaltadas que os "descontos" que os privados fazem
para a Segurança Social NÃO servem para financiar o SNS. E que, por
isso, não pagam nenhum imposto destinado exclusivamente à "saúde". A
maior parte não percebeu ainda que o SNS é financiado pelo OGE.»
1 Comentário:
Declaração de Amor ao Primeiro Ministro
Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
por todos os primeiros-ministros
e pelos segundos
e pelos terceiros
estou apaixonado por todos os presidentes de Câmara
e de Junta
por todos os benfeitores de obra feita
por todos os que erguem e mandam erguer
estradas, pontes, casas, estádios, fontanários, salões paroquiais
estou apaixonado por todos aqueles que governam, que executam,
que decidem sem pestanejar
por todos aqueles que dão o cu pela causa pública
que se sacrificam pelo bem comum sem nada pedir em troca.
Quero votar entusiasticamente em todos eles
Afogá-los em votos
Até que se venham
em triunfo
Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
quero vê-lo num bacanal
com todos os ministros
e todos os ministérios
a arfar de prazer
a enrabar o défice, o orçamento,
o IVA, a inflação, a recessão
ágil e empreendedor
como um super-homem
Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
Quero vê-lo num filme porno.
António Pedro Ribeiro
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