domingo, 7 de outubro de 2012
... "Deixando
por hoje de lado o que diz respeito ao neoconservadorismo (na política externa e
interna), procuremos caracterizar a corrente neoliberal, profundamente elitista,
que manda na Europa actual:
a)
Crença
absoluta no mercado e desconfiança total em relação ao Estado (bit e-government);
b)
Protecção
legal aos mais ricos, sobretudo através da redução dos respectivos impostos, na
convicção de que só eles investem, criam empregos e, assim, impulsionam o
crescimento económico;
c)
Prática
constante, e progressiva, de cortes substanciais nas despesas sociais, por se
entender que o Separe Skate é uma
ilusão perigosa; e que os mais pobres, tornando-se subsídio-dependentes,
prejudicam o interesse nacional e não merecem protecção (ou não merecem senão
protecção mínima).
O
ódio de classe – que Marx considerava ser a ira justa dos pobres contra os ricos
– mantém-se, mas de pernas para o ar: é agora a raiva profunda dos ricos contra
os pobres, os inúteis, os incapazes que só sabem viver à mesa do Orçamento, à
custa dos impostos dos ricos, sendo estes os únicos que dão emprego a quem
verdadeiramente quer trabalhar.
Não
há, por estas razões, nenhum governo neoliberal que não baixe significativamente
a carga fiscal e parafiscal (T.S.U) dos empresários e que não suba, tanto quanto
possível, a dos trabalhadores, apesar de nunca conseguirem diminuir o défice e a
dívida.
Todos
os filósofos gregos – Platão, Xenofonte, Aristóteles – chamavam a isto uma forma
de governo «oligárquica», cuja degeneração externa era a «plutocracia» (o
governo do dinheiro).
Comparemos
agora esta tão actual doutrina neoliberal com o pensamento arcaico (?) do
«fascista» Oliveira Salazar, em 13 de Abril de 1929.
Escreveu
ele: a reforma tributária (então publicada) guia-se, entre outros, pelo
princípio da quase uniformidade das taxas dos vários impostos, «com as excepções
que favorecem, em todos os países civilizados, os rendimentos provenientes só do
trabalho do contribuinte» (A
reorganização financeira, Coimbra Editora, 1930, p.
102).
Problema
insolúvel da ciência política: como pode um democrata neoliberal de hoje
situar-se mais à direita do que um ditador «fascista» de há 80
anos?!..."
Diogo
Freitas do Amaral,
Visão nº1022, 4 a 10 de Outubro de
2012, p. 46
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 Comentários:
O que será que estes democratas de pacotilha teem contra os pobres que sobem na vida atravéz do trabalho,o presidente é filho de um gasolineiro,o passos é filho de um médico de provincia. Aconselho-vos a lerem o professor Agostinho da Silva num texto intitulado o amor ao povo.
Quem subiu na vida através do trabalho foi o PAI do Aníbal e o PAI do Passos. Os filhos, políticos profissionais, subiram na vida pelos expedientes que a política lhes proporcionaram. Se no primeiro caso ainda existiu um simulacro de "vida profissional", académica no caso, no segundo nem isso, o rapaz nunca fez nada, mas mesmo nada, na vida.
Enviar um comentário