quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Alcagoitas

A direita portuguesa negou a existência de uma crise financeira mundial e sonhava que depois de tantos artigos contra o governo de Sócrates publicados no Financial Times tudo mudaria depois das eleições, com um governo da direita as agências de rating passariam a ser simpáticas, os jornalistas do Financial Times passariam a ser simpáticos e Portugal passaria a ser o oásis que costuma ser quando a direita governa.

Governar seria fácil, uma dose de cavalo de austeridade fundamentada num desvio colossal explicado de forma patética por um ministro que lembra um velho mestre-escola lendo ditados, uma descida abrupta dos impostos pagos pelos patrões financiado por aumento do IVA aplicado aos produtos que os pobres consomem e tudo se resolveria. A austeridade cavalar trataria dos indicadores eleitorais enquanto um falso programa de combate à pobreza asseguraria os indicadores das sondagens eleitorais.

Mas a direita portuguesa está com azar, a crise financeira não só contagiou países como a Espanha e a Grécia ameaçando os maiores da Europa, como chegou à América, por cá os tais mercados por quem devemos ter um respeitinho obediente tratam-nos como lixo e depois de uns arrufos presidenciais e governamentais fez-se silêncio, um descansa tranquilamente na Quinta da Coelha, porque a idade já pesa, o outro foi descansar para a Manta Rota depois de um mês de um trabalho incansável, isto de fazer meia dúzia de saneamentos e vender o BPN ao amigo Mira Amaral deixa qualquer um roto.

Perante uma crise internacional tão grave o que faz o governo? Se por cá andasse o Eduardo Catroga diria que se preocupa com pentelhices o equivalente na sua aldeia ao que por esta banda se diz serem alcagoitas?

A ministra da Agricultura, enquanto tira um curso intensivo de agricultura na loja das sementes na Praça da Figueira, vai preocupando-se com as gravatas e o número de lugares ministeriais, o ministro da Educação ainda não sabe bem como compatibilizar o seu espírito crítico e a gestão do ensino entretendo-se com idas ao aeroporto para receber os olímpicos da matemática, o Paulo Macedo vai ensaiando os golpes de propaganda que o tornaram um grande gestor mas que não terão sido suficientes para o tornar no grande gestor do BCP.

As grandes preocupações nacionais deixaram de ser os indicadores económicos, mais importante do que a taxa de crescimento são os nomes da administração da CGD, a preocupação com o desequilíbrio externo foi abafada com a escolha do nome do provedor dos milhões da Santa Casa.

Visto no "O Jumento"

2 Comentários:

olho vivo disse...

Passos Coelho: Quando os impostos aumentam nunca mais descem
2010-10-14
"O presidente do PSD disse hoje, quinta-feira, que os impostos quando aumentam nunca mais voltam a descer, sustentando que aquilo que Portugal precisa é de reformas para criar "excedentes orçamentais".
Ao discursar nas jornadas de estudo do Grupo PPE do Parlamento Europeu, que decorrem até sexta-feira no Funchal, Pedro Passos Coelho lembrou que "quando os impostos aumentam, nunca mais voltam a descer e a promessa do Estado, de que vai reduzir a sua despesa, é sempre uma falácia".
Ao apontar que Portugal precisa "gerar, nos próximos anos, excedentes orçamentais de modo a diminuir a dívida externa", sublinhou, no entanto, que essa necessidade não deve ser assegurada pela via do aumento dos impostos: "não é possível criar excedentes orçamentais para o futuro se nos permitirmos, com o aumento dos impostos, não manter pressão sobre a despesa pública".

Anónimo disse...

Bem visto!

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