Mário Crespo enganou-se

Ontem li a famosa crónica de Mário Crespo. Diz ele, porque ouviu dizer, que José Sócrates e um par de ministros, num almoço de hotel e em voz alta, disseram que ele (Mário Crespo), entre outras coisas, é "um profissional impreparado."

Não acredito.

E digo-o nem tanto pela inverosimilhança - hoje, qualquer governante, e sobretudo Sócrates, conhece o explosivo do simples soletrar em público da palavra "jornalista".

Crespo invoca testemunhas, mas não as revela - e eu já falei com as cinco pessoas em quem confio totalmente e nenhuma esteve naquele hotel. Crespo ouviu algum dos seus cinco infalíveis?

Mas o que me demonstra que a coisa não se passou assim é aquela frase. Ninguém pode dizer que Mário Crespo é "um profissional impreparado." Ninguém. Vou citar-me: "Mário Crespo decidiu ser único. Os jornalistas de televisão, em geral, adquirem aquela voz de fórmica com que se fazem os maus móveis e os pivots desinteressantes. Crespo fala deixando as coisas enrugar-se na garganta antes de sabermos qual a pergunta e a expectativa atira-nos a atenção para o homem. (...)

Ficamos presos por isto: Mário Crespo não debita, fala. É tão raro na televisão." Escrevi isto há meses. Antes disso e depois disso, diariamente, é o que tem sido Crespo. Um notório grande profissional. Portanto, Mário Crespo só pode estar enganado sobre aquele almoço. Só pode.

Ferreira Fernandes - artigo de opinião lido no dn.sapo.pt