domingo, 5 de abril de 2009

Manifestação da oposição democrática

Humberto Delgado - o General sem medo, candidato à Presidência da República em 1958.
..”Em 1958 o General Craveiro Lopes terminava o seu mandato presidencial. Salazar considerava-o de “conotações de esquerda” e decidiu não promover a sua reeleição. A escolha recaiu então no Almirante Américo Tomás, que por 14 anos ocupara o cargo de Ministro da Marinha. Entretanto, segundo consta, Delgado havia feito uma visita ao seu velho amigo Henrique Galvão (5), então detido no Forte de Peniche, e este convencera-o a candidatar-se à Presidência. Outro candidato foi o Dr. Arlindo Vicente, apoiado por socialistas e comunistas.
No seu programa como candidato independente, sem qualquer compromisso partidário, Delgado propunha vários pontos de nítido cunho liberal: reintegração dos funcionários afastados do serviço por motivos políticos, amnistia a todos os presos políticos, liberdade de expressão e de associação, eleições gerais livres a curto prazo e moralização dos costumes políticos e da administração pública.
A sua atitude durante a campanha eleitoral revelou-se indiscutivelmente corajosa. Quando numa conferência de imprensa no Café Chave d’Ouro, em Lisboa, é perguntado pelo delegado da agência France Press sobre o que faria em relação a Salazar se vencesse as eleições responde sem qualquer hesitação: “Obviamente, demito-o!”. Ondas de choque percorrem a assistência. Salazar, apesar da sua já avançada idade, continuava a ser para muitos portugueses um sacrossanto, quase idolizado, intocável símbolo de um ressurgimento nacional e esta resposta soava como pouco menos do que iconoclástica.
A candidatura à presidência
Apesar de uma tenaz repressão, Delgado percorre o país na sua campanha. Numa memorável deslocação ao Porto é recebido com uma manifestação de apoio à sua candidatura, em que participam cerca de 200 000 pessoas. Como seria de esperar, a Censura proíbe a publicação de fotografias deste acontecimento.
À chegada a Lisboa, na estação de Santa Apolónia, a polícia tenta desarticular a manifestação que esperava o candidato. Alguns indivíduos, talvez pides ou legionários, aos gritos de “Viva Humberto Delgado!” levantam-no em ombros e tentam metê-lo num carro. O general defende-se e consegue libertar-se mas de qualquer modo as autoridades desviam o itinerário do seu regresso, por artérias onde a multidão aguardava para o aclamar.
Entretanto por toda a parte se realizavam manifestações de apoio a Humberto Delgado, quase sempre dissolvidas com enorme dureza pela PSP e GNR. Isto não constituiu surpresa, pois além de se tratar de uma reacção habitual, uma nota oficiosa havia anunciado que seriam reprimidas todas as manifestações que alterassem a ordem pública”… >>>

O Mestre Finezas decidiu este ano apresentar na sua barbearia alguns vídeos para que o 25 de Abril não caia no esquecimento.

1 Comentário:

Anónimo disse...

É bom que os jovens saibam o que foi o tempo da ditadura.

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