terça-feira, 12 de março de 2013

"João Penetra já não é o presidente de Alvito (e alguma vez, de facto, o foi?), mas não abdica do seu vencimento neste município."

Idiota, o Penetra? Desculpa lá, mas não o deves conhecer. O João Penetra tem, desde muito novo, um programa de vida muito claro, muito ligado às suas próprias origens que, como sabemos, são muito modestas: quer galgar a escala social, “subir na vida”, como se costuma dizer, ser reconhecido pelos seus semelhantes pelas suas competências e capacidades. Até aqui, tudo bem. De certa forma é o que todos queremos, uns mais, outros menos.

O que caracteriza o João Penetra não é o “querer ser mais”, mas sim ser um daqueles indivíduos que não olha a meios para atingir os seus fins: tanto pactua com Deus como com o Diabo, a escolha é apenas ditada pelas contingências do momento. De manhã é um fervoroso católico apostólico romano, podemos vê-lo na missa, em Alcáçovas ou em Vila Nova da Baronia, um dia destes vai começar a aparecer aí em Viana; à noite metamorfoseia-se, despe a opa e ei-lo na reunião do “partido” – como sabemos, marxista-leninista, onde impera o primado do ateísmo militante. Confuso? Não! Sinuosos são os caminhos para o poder.

João Penetra, ao contrário do seu antigo colega Estêvão Pereira, sabe ler os sinais dos tempos. A 11 de Abril de 2008, quase no final do mandato anterior da CDU na Câmara de Viana, pediu a renúncia do mandato de vereador. Fê-lo porque percebeu que os processos criminais que envolviam a autarquia e a Polícia Judiciária, nos quais tinha responsabilidades efetivas, podiam por em causa o futuro dos seus projetos de vida e, sobretudo, daquele que lhe é mais querido: ser o primeiro alcaçovense a ocupar a presidência do Município de Viana. Saltou do barco antes da tempestade. O projeto de Alvito, que há quatro anos lhe era tão querido, abandona-o agora: fá-lo porque não só não cumpriu nada do que se propusera fazer, mas também porque sabe que não voltaria a vencer aqui. Mas a razão maior do seu abandono é que este não é o seu projeto, nunca o foi. João Penetra é, pois, um especialista em saltar de barcos.

João Penetra depende da política. Não é um empresário, um funcionário público, um técnico de contas ou outra coisa qualquer: João Penetra é um político profissional. O seu fim do mês provém do que a política lhe paga e isso explica porque não saiu já da Câmara de Alvito – como fez o seu camarada Pinto de Sá, de Montemor, que agora se candidata à Câmara de Évora. João Penetra já não é o presidente de Alvito (e alguma vez, de facto, o foi?), mas não abdica do seu vencimento neste município. Princípios morais? Apenas no discurso e na pia da água benta, na prática é o que está à vista.

João Penetra sabe que, por agora, não pode vencer Bengalinha Pinto que, debaixo da mesmíssima conjuntura depressiva, fez muito melhor trabalho em Viana do que ele em Alvito. Mas João Penetra já conseguiu a sua primeira “vitória”, o afastamento do seu empecilho interno, Estêvão Pereira. A consagração de João Penetra não vai ser feita no próximo mês de Outubro mas, talvez, daqui a quatro anos. Até lá vai ser um vereador muito empenhado, vai estar em “tudo e em todas”, desdobrar-se-à entre associações e afins, católicas, laicas ou ateias, vamos vê-lo muito, muito, muito por aí. Daqui a quatro anos, isso sim, talvez seja o seu momento. Apenas não sabemos se, nessa altura, ainda estará a correr pelo “partido” de hoje….

Comentário de um cliente, deixado aqui, a 12 de Março de 2013 às 16:02

Sérgio Godinho: Cuidado com as imitações


4 Comentários:

Anónimo disse...

Ó Mestre será que estará a correr pelo partido que o mestre corre neste momento? Pois o senhor já correu pelo que ele corre.

Anónimo disse...

Quem assim comenta, só pode desconhecer quais as corridas pelas quais o "mestre" tem suado a camisola.
Tanto quanto sei, o mestre nunca correu, nem nunca correrá ao lado deste tipo de pessoas, até porque pela sua própria natureza, tem tido outras metas na vida, e porque tem mais prazer em correr sozinho ou em pequemos grupos.
As matilhas quando acusadas pelos seus matilheiros, cilindram tudo o que se atravessa no seu caminho.
Por isso há que “acabar” com os matilheiros que têm proliferado por este concelho.

Anónimo disse...

Já se esperava o jogo de vitimização lançado pelo Sr. João Penetra, até porque do blogue do “seu amigo” o silêncio táctico era audível - até aqui nada de novo!
As questões substantivas levantada aqui na Barbearia, ficaram sem resposta, por enquanto …
Quando o cidadão Penetra optou por fazer da política a sua forma de estar e ganhar a vida, tornou-se numa figura pública - à nossa escala igual a um Passos Coelho, um Paulo Portas ou um Seguro.

O senhor Penetra é o candidato da CDU, um partido marxista-leninista. Em campanha, com mais ou menos retórica, irá dizer: Votem em mim e não em qualquer outro candidato. Logo, assumir-se-á como melhor que qualquer um dos outros. Tudo isto, em democracia, torna naturalmente as suas acções escrutináveis pelos cidadãos a quem pede o voto.

Não dá para comparar as flores atiradas ao candidato Penetra com o veneno diariamente destilado entre políticos nos jornais que lemos, na rádio que ouvimos ou na televisão que vemos. Numa altura em que a esmagadora maioria da população desconfia fortemente de toda a classe política (especialmente dos profissionais), esta ideia de transformar o político Penetra no coitadinho da história e construir uma campanha eleitoral baseada nisso, não é propriamente genial.

olho vivo disse...

Existem muitas formas de fazer politica, uma delas é essa mesmo, a vitimização. Por vezes até são os mesmos que se dizem vitimas "coitados", a desencadear toda esta hipotética vitimização.
Realmente estes politicos, não olham a meios para atingir o poder "essa sede insaseável pelo poder".
Infelizmente é assim mesmo, quando não tem argumentos...fazem-se de vitimas.

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