quinta-feira, 1 de novembro de 2012
O ex-secretário-geral do PS Ferro Rodrigues acusa o Governo de ter a intenção de refundar a direita e colocar a classe média contra o Estado Social.
Ferro Rodrigues, vice-presidente da Assembleia da República, falava pela
bancada do PS na sessão de encerramento do debate na generalidade da proposta do
Governo de Orçamento do Estado para 2013.
Na perspetiva do ex-líder socialista, com a ideia de refundação do programa
de ajustamento económico e financeiro de Portugal, o PSD pretende agora «tirar
da gaveta um projeto de revisão constitucional» para redefinir as funções do
Estado.
«O Governo quer sim refundar a unidade da direita, tentar pôr a classe média
contra o Estado social, remeter à marginalização os sociais-democratas que ainda
resistem. E o Governo já mostrou ao que vem: Quer arrastar o PS para essa
descida ao abismo, mas o que é preciso é refundar a política do Governo e
reformular esta austeridade sem saída», disse.
Na parte final do seu discurso, que foi muito aplaudido pela bancada do PS,
Ferro Rodrigues voltou a traçar limites em matéria de diálogo político, frisando
que «vale a pena discutir no quadro constitucional tudo o que possa melhorar o
futuro do país, mas com base em confiança política, crescimento económico e
equidade social, que hoje, infelizmente, não existem».
O ex-ministro dos governos de António Guterres enunciou também uma eventual
via alternativa para a política económica e financeira do país.
«É preciso tirar partido das posições mais flexíveis das instituições
europeias e internacionais, em vez de as rejeitar. O que é preciso é lutar por
explorar as margens de alterações de prazos, de juros, de metas», defendeu.
Em relação à proposta de Orçamento do Estado, Ferro Rodrigues considerou que
o país está a ser «empurrado em direção ao abismo».
«Este Orçamento se, por cegueira e teimosia for executado, vai ter
consequências terríveis durante muitos anos. O Governo tem de ouvir os
portugueses e os parceiros sociais, tem de arrepiar caminho antes que seja
tarde», advertiu o ex-líder dos socialistas, que ainda se referiu às
consequências sociais da política do executivo.
«Quando se atacam os mais pobres dos pobres é toda a miséria de uma política
que fica à vista», disse.
Na sua intervenção, Ferro Rodrigues procurou responsabilizar a atual maioria
governamental pela presença da 'troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário
Internacional e Comissão Europeia) em Portugal.
«Os partidos que hoje suportam o Governo fingem que nada tiveram a ver com o
resgate, mas, na verdade, fomentaram, instigaram, exigiram, conegociaram,
coassinaram e muitos dos seus comemoraram o memorando de entendimento», acusou.
Visto em TSF
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