terça-feira, 6 de novembro de 2012

Estamos a viver o sonho de Passos Coelho


Povo Livre de 21 de Janeiro de 2012. Passos Coelho na Assembleia da República,  em 17 de Janeiro de 2012


... "Tudo o que se está a passar faz parte da agenda ideológica de Passos Coelho, que, com os seus aliados vários, está a aproveitar a oportunidade para fazer a sua contra-revolução.

Têm dúvidas? Não tenham. A seu tempo, isso foi explicado por quem de direito. Vejamos.
A 3 de Maio de 2011, Eduardo Catroga, representante do PSD nas negociações do "programa de ajustamento" entre Portugal e a Troika, afirmou que a negociação do programa de ajuda externa a Portugal «foi essencialmente influenciada» pelo PSD e resultou em medidas melhores e que iam mais fundo do que o chamado PEC IV. (fonte) (outra fonte)
Aliás, Catroga anunciava o resultado da sua influência no programa de ajustamento: tudo seria muito melhor do que com o PEC IV, Portugal ganhava uma "oportunidade para fazer as reformas que se impõem". (link para ouvir)

Na verdade, que esta maioria se esteja sempre a justificar com o anterior governo é uma mistificação. Esta maioria está a fazer aquilo que Passos Coelho quis ter a oportunidade de fazer, como, aliás, o próprio explicou. Vejamos.

No final de Janeiro deste ano da desgraça de 2012, Passos Coelho, presidente do PSD e já então primeiro-ministro, afirmou sem rebuços que o seu partido tem um "grau de identificação importante" com o programa acordado com a 'troika' e quer cumpri-lo porque acredita nele. Nas suas palavras: "(...) o programa eleitoral que nós apresentámos no ano passado e aquilo que é o nosso Programa do Governo não têm uma dissintonia muito grande com aquilo que veio a ser o memorando de entendimento celebrado entre Portugal, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional". Ainda segundo o presidente do PSD, "executar esse programa de entendimento não resulta assim de uma espécie de obrigação pesada que se cumpre apenas para se ter a noção de dever cumprido". (fonte) (outra fonte)

Tudo isto explica porque Passos e Gaspar nem querem ouvir falar em agir politicamente para mudar as condições do resgate. Ao ponto de o PM de Portugal ir a um Conselho Europeu e ficar calado acerca do que está acontecer por cá: Cimeira europeia: Portugal não consta entre os países que alertaram para o impacto social da crise. Parece que estamos a viver o sonho de Passos Coelho e ele não quer acordar"
Visto aqui

1 Comentário:

olho vivo disse...

Na altura em que Cavaco Silva falava…
O livro do prof. Cavaco Silva “Crónicas de uma Crise Anunciada”, de 2001, que reúne textos publicados em vários jornais no tempo em que o prof. Cavaco era “apenas” um catedrático de Economia – mas já em trânsito para uma candidatura vencedora às Presidenciais, após aquela tentativa de 1996 para esquecer. Vale a pena ler ou reler o livro que inclui o famoso texto “O monstro” (relativo às despesas do Estado), mas que tem outros igualmente interessantes, a começar por um intitulado “A mentira”, publicado em Junho de 2001 no Público.
Estávamos no estertor do guterrismo – Guterres demitir-se-á seis meses depois na sequência da derrota autárquica. Cavaco refuta a justificação de Guterres de que o abrandamento do crescimento económico obrigou o governo a avançar com uma redução de 150 milhões de contos em despesa pública. Ora, Cavaco explica – e bem – que defender a redução da despesa pública em tempos de crise económica “é uma proposição errada”. “O que terão pensado os meus alunos da Universidade ao ouvirem o primeiro-ministro e o ministro das Finanças afirmarem perante as câmaras de televisão precisamente o contrário do que lhes ensinei e que leram nos livros de macroeconomia e de finanças públicas? Porque estamos em época de exames, entendi que era meu dever não ficar calado. O argumento é falso”.
É o professor a falar: “Quando o crescimento económico de um país abranda, a política correcta é precisamente deixar que a receita fiscal baixe automaticamente e não cortar na despesa pública. (...) Se quando um país é atingido por uma crise económica se cortasse a despesa pública, a crise ainda se agravava mais. É por isso que não se deve fazê-lo”. Em Junho de 2001, o professor está estupefacto com a ignorância económica de Guterres: “Como é que é possível que os assessores do primeiro-ministro não lhe tenham explicado que este é um caso em que não há similitude entre o comportamento correcto para as famílias e para o Estado?”.
O professor catedrático sabe que o governo está a destruir o país, mas a maioria absoluta e a bênção de Berlim paralisa-o. E, nesse livro, há um outro texto que ajuda a explicar o actual silêncio de Cavaco – chama-se “Uma missão patriótica” e nele, o então professor defende que só existem “dois grupos da nossa sociedade com força e capacidade para persuadir o governo a mudar de comportamento: os jornalistas e os empresários”. “Devemos todos apoiar os jornalistas e empresários nesta missão patriótica de pressionar o governo para que passe a governar. Neles está a esperança de todos os portugueses (...)”. Esqueçam Belém: Cavaco não acredita na força do Presidente da República.

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