sábado, 21 de maio de 2011

Venham lá mais 20 minutos

António Saraiva, presidente da CIP
The Lonley Island - Like A Boss


As propostas apresentadas pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) incluem propósitos que, na minha opinião, são desadequados da realidade e pouco aventureiros face à necessidade de mudança.

Os patrões da indústria querem aumentar o número de horas de trabalho de forma a ganhar mais competitividade. Depois, há também a vontade de alterar a lei dos despedimentos, da greve, da criação de um novo contrato de trabalho menos proteccionista para quem está no quadro.

Defendo que algumas destas medidas poderão ajudar a economia nacional a crescer, mas parece-me obscena uma proposta que apenas fala de novas metas para os trabalhadores e ignora, na sua globalidade, a responsabilidade dos patrões. Voltar às 42 horas de trabalho, que corresponde a mais 20 minutos diários de laboração, é ridículo quando avaliamos o nível de investimento que muitos patrões fazem nas suas empresas na melhoria das condições de trabalho, na revolução tecnológica, na formação ou na aposta da máxima qualidade que levará a desejada exportação dos produtos.

Concordo com António Saraiva, líder da CIP, quando afirma ser preciso 'um Governo capaz de fazer Portugal mudar de vida' e que 'a economia precisa de um tratamento de choque'. Mas há mais vida para além do trabalhador. Os patrões devem, mais que nunca, assumir as suas responsabilidades. É que a solução para a crise não está na perseguição doentia a quem trabalha, a quem não recebe horas extraordinárias, a quem veste a camisola de uma empresa e a única palavra que recebe é uma ameaça de despedimento fácil.


Seja o primeiro a comentar

Enviar um comentário

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO