quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Tirar as ilusões a Jerónimo de Sousa

«Fiel à ambivalência de quem quer votos na eira do Parlamento e palavras de ordem no nabal das manifestações, Jerónimo de Sousa falou, ontem, ao Público. O deputado falou das coisas do Estado em que está metido, da União Europeia ao Orçamento, com a gravidade e prudência de quem sabe que está metido nelas. Já o líder de massas reservou as duas últimas frases da entrevista - "O Governo teme a rua. Vão procurar disfarçar, desdramatizar, mas aquilo que sabemos é que, em maiorias maiores, foi a luta que determinou o momento da sua derrota" -, reservou, dizia eu, essas 28 derradeiras palavras para a ilusão das barricadas que tomam o Palácio de Inverno.

Sei que é cruel acordar as pessoas viciadas na irrealidade, mas há que dizer a Jerónimo sobre a força da segunda parte da sua dupla personalidade: olhe que não, olhe que não... A rua não determina quando cai uma maioria - o máximo que pode é abalá-la. Como, por exemplo, fez o camarada de Jerónimo, Mário Nogueira, nas manifestações de professores há meses. Com intenção, abalou. Já quem pode fazer cair governos, mesmo, é o deputado Jerónimo de Sousa - como, aliás, fez com o último. Fazê-lo cair, e ocasionar a inevitável e esperada actual maioria. Não critico nem aplaudo, só estou a lembrar: em 2011, o seu "papel histórico" (para usar um chavão de que gosta) foi esse, Jerónimo de Sousa.

É tempo de saber que é mais eficaz a levantar o braço no hemiciclo do que a gritar na rua.» [DN]

Autor:
Ferreira Fernandes.

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