sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Vidigueira: autarca acusa ciganos de quererem mais direitos e livrar-se dos deveres

Comunidade cigana "pretende obter mais direitos e ver-se livres dos deveres", diz o presidente da Câmara da Vidigueira.

O presidente da Câmara da Vidigueira acusa a comunidade cigana que vive na vila, que reconhece como "portugueses carenciados", de quererem obter mais direitos do que os outros munícipes e livrar-se dos deveres, através da interferência de organizações.

"Esses portugueses, através da interferência de organizações, pretendem obter mais direitos (do que o resto da população portuguesa) e verem-se livres dos deveres", mas "a Câmara da Vidigueira não se revê, de forma nenhuma, nessa posição", diz à agência Lusa Manuel Narra.

Para a Câmara da Vidigueira "não há discriminações positivas nem negativas. Só há portugueses e todos têm tratamento igual", garante, recusando o que classifica de "tentativa de criar uma minoria para lhes garantir mais direitos que os que têm o resto da população portuguesa".

O autarca reagia assim às preocupações e críticas do European Roma Rights Centre (ERRC) relativas às condições em que 67 pessoas de etnia cigana vivem nas traseiras das ruínas do castelo da vila.

 Mesmos direitos e deveres

O autarca refere-se a essas pessoas como "portugueses carenciados" e recusa reconhecê-las como ciganos ou uma minoria étnica, afirmando: "No concelho da Vidigueira não há ciganos, nem minorias étnicas. Só há portugueses e todos têm os mesmos direitos e deveres".

Segundo o autarca, no concelho da Vidigueira, "há, com certeza, portugueses carenciados", como os que vivem nas traseiras do castelo, e que, "dentro das possibilidades da Câmara são ajudados", mas "como portugueses têm os mesmos direitos e deveres de qualquer outro cidadão português".

Numa carta enviada à Câmara da Vidigueira e à qual a Lusa teve acesso, o European Roma Rights Centre mostra-se "profundamente preocupado" com as "condições deploráveis" de habitação e de vida das 67 pessoas de etnia cigana que vivem nas traseiras das ruínas do castelo.

A comunidade vive em "barracas precárias" num assentamento informal "sem eletricidade, sistema de drenagem, recolha do lixo e saneamento" e os residentes "sofrem de pragas de ratos e cobras", lê-se na carta.

Água cortada

No início de fevereiro, a comunidade ficou "sem abastecimento de água", denuncia o European Roma Rights Centre, que acusa o município da Vidigueira e a GNR de terem "destruído a única fonte de água do assentamento, que consistia em 12 torneiras ao ar livre instaladas pela própria Câmara".

A Câmara "não destruiu" a fonte de água, "apenas cortou a água por falta de pagamento", contrapõe o autarca, referindo que "o município corta a água a qualquer cidadão que não a pagar".

"Foi o que aconteceu" com as pessoas que vivem nas traseiras do castelo, diz Manuel Narra, sublinhando que "a Câmara não pode ter dois pesos e duas medidas nestes casos".

O European Roma Rights Centre pede ao município para restabelecer "imediatamente" o fornecimento de água no assentamento e atuar "urgentemente no realojamento da comunidade em habitações integradas, em conformidade com as obrigações de Portugal no respeito da Lei Internacional do direito a habitação adequada".

Segundo o autarca, "os portugueses carenciados são tratados como os outros portugueses e é-lhes prestado o apoio social dentro das possibilidades financeiras da Câmara". "Há vários programas de apoio destinados a portugueses carenciados", como o apoio ao arrendamento promovido pela Câmara, que "paga 50% do valor da renda aos portugueses carenciados", conclui o presidente da Câmara da Vidigueira.
aeiou.expresso

3 Comentários:

Anónimo disse...

Haja homens de pulso...
O resto dos politicos a nivel Nacional deviam por ali os olhos e seguirem o exemplo deste grande Autarca


Corre com eles Camarada

Anónimo disse...

e não é verdade?
todos nós sabemos que esses seres humanos, querem apenas e só, direitos, os deveres ficam para os desgraçados que trabalham 7,8, ou mais horas diárias para sustentar a familia e pagar as contas e ainda descontarem para essa maralha toda receber o seu rendimento minimo sem fazer nenhum, são ausentes de contribuições só não roubam aquilo que não forem capazes e ainda se vêm fazer de coitadinhos. TTRABALHEM e descontem paguem os impostos , cumpram com os seus deveres como todos nós e só depois recebam os seus direitos.

Anónimo disse...

A quem se deu ao trabalho de falar na declaração dos direitos humanos aqui vai a resposta:

Artigo 29.º

1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.

2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.

3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

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