quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Nossa Senhora D’Aires, cuidai de nós!

São Jorge e o Dragão, óleo por Paolo Uccello (1397-1475, Italy)
Depois da tremenda derrota política da coligação negativa CDU/Viana/Santa Aliança Concelhia, reduzida a menos de 1000 votos, cai por terra o objectivo anunciado de restauração do “Antigo Regime”, per saecula ad saeculorum. 

Enquanto uma parte da referida coligação negativa se encontra, pelas funestas ocorrências do passado domingo, obrigada à "clausura", não nos espanta que alguns membros da fraccionada CDU/Viana venham agora, sorrateiramente, cavalgar em seu proveito os desastrosos resultados eleitorais da agremiação, através de mensagens de circunstância imbuídas da maior e mais contraditória hipocrisia política. 

Estêvão Pereira é um desses actores políticos. O mais preparado membro da CDU/Viana nunca andou distraído neste processo eleitoral, tendo-se obrigado a cumprir os serviços mínimos, é certo que por vezes de forma bem penosa, de forma a não ser empurrado do barco que o manteve no poder durante 16 anos. 

Estêvão Pereira, ao longo deste processo eleitoral, de vez em quando e para se destacar do seu grupo ia dando umas remadas mais fortes no barco salva-vidas de João Penetra, sabendo desde sempre que o barquinho, a meter água já desde Alvito, nunca chegaria à Brito Camacho em primeiro lugar, pois que lhe vinha já rasgado o casco ao ancorar inúmeras vezes nos “clubes” das emergentes seitas de “cristãos novos” do concelho. 

E eis que, sem surpresa, lemos o “homérico” texto de Estêvão Pereira, publicado ontem no seu Blog e na sua página de facebook, com o título: AUTÁRQUICAS 2013 - GLÓRIA OS VENCEDORES, HONRA AOS VENCIDOS”

Como se fosse um comentador júnior da “Marktest”, Estêvão Pereira faz uma análise quantitativa dos resultados eleitorais, polvilhando o seu texto com algumas mensagens subliminares para ganhar novamente o espaço perdido no seio da CDU/Viana. Isenta da sua escrita está qualquer frase de alento ou de solidariedade à equipa azul que calcorreou com ele dezenas de quilómetros – pois aquela não foi nem nunca seria a sua corrida, muito menos com aquela equipa estaria disposto a servir de lebre. 

Estêvão Pereira foi o principal coveiro da CDU/Viana nas eleições de 2009; como se o péssimo resultado eleitoral agora alcançado não estivesse associado à sua pessoa, dá mais um empurrão homicida no João Penetra, ao relembrar aos seus leitores que a sua derrota de há quatro anos foi muito menos expressiva: “Comparativamente com os resultados de 2009, de uma forma geral, o Partido Socialista aumentou o número de votos e a CDU e o PSD diminuíram os seus votos.” 

Depois lá vem a frase, repetimos, da maior e mais contraditória hipocrisia política: “Glória aos vencedores, honra aos vencidos”. 

Mas porquê da maior e mais contraditória hipocrisia política

Porque em 2009, no rescaldo das eleições onde Bengalinha Pinto se tinha consagrado, pela primeira vez, vencedor, a agência noticiosa LUSA escrevia queo candidato comunista Estêvão Pereira reconheceu a derrota, considerando que o PS fez uma campanha com meios financeiros fortíssimos, algo que a CDU não tinha. Mais adiante acrescentava:"Acreditamos que [esses meios] possam ter comprado algumas consciências …” 

Estêvão Pereira, com o seu estilo particularmente enviesado, está aí para as curvas, apenas tingiu a camisa vermelha com a cor azul mas, no íntimo, permanece igual ao político que em 2009, forçadamente, teve de admitir a derrota, não deixando contudo de insinuar que aquela tinha ocorrido apenas porque a candidatura adversária poderia ter comprado algumas consciências…Se bem nos recordamos, quem andou a distribuir relógios no sábado anterior às eleições, dia de defeso, tinha sido ele mesmo… 

Órfã de João Penetra, moral e politicamente fuzilado por mais de 1800 votos, derrotados que foram os estrategas de uma candidatura que procurou ligar a CDU/Viana aos mais reaccionários elementos de uma “Santa e Apostólica Aliança”, disponibilizam-se novamente naquela coligação os agora vazios espaços do poder. Estêvão Pereira aponta para si, mas sabe muito bem que terá de deixar sarar profundas feridas, algumas já velhas, outras novas e que terá de estar atento àqueles que, desde há muito, aguardam impacientemente a chegada da sua vez!

1 Comentário:

Anónimo disse...

Na Universidade de Griffith, na Austrália, há um concurso anual sobre a definição mais apropriada para um termo contemporâneo.

Este ano, o termo escolhido foi "politicamente correto".

O estudante vencedor escreveu:

"Politicamente correto é uma doutrina, sustentada por uma minoria iludida e sem lógica, que foi rapidamente promovida pelos meios de comunicação e que sustenta a ideia de que é inteiramente possível pegar num pedaço de merda pelo lado limpo."

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