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São Jorge e o Dragão, óleo por Paolo Uccello (1397-1475,
Italy)
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Depois da tremenda derrota política da coligação negativa CDU/Viana/Santa Aliança Concelhia, reduzida a menos de 1000 votos, cai por terra o objectivo anunciado de restauração do “Antigo Regime”, per saecula ad saeculorum.
Enquanto uma parte da referida coligação negativa se encontra, pelas funestas ocorrências do passado domingo, obrigada à "clausura", não nos espanta que alguns membros da fraccionada CDU/Viana venham agora, sorrateiramente, cavalgar em seu proveito os desastrosos resultados eleitorais da agremiação, através de mensagens de circunstância imbuídas da maior e mais contraditória hipocrisia política.
Estêvão Pereira é um desses actores políticos. O mais preparado membro da CDU/Viana nunca andou distraído neste processo eleitoral, tendo-se obrigado a cumprir os serviços mínimos, é certo que por vezes de forma bem penosa, de forma a não ser empurrado do barco que o manteve no poder durante 16 anos.
Estêvão Pereira, ao longo deste processo eleitoral, de vez em quando e para se destacar do seu grupo ia dando umas remadas mais fortes no barco salva-vidas de João Penetra, sabendo desde sempre que o barquinho, a meter água já desde Alvito, nunca chegaria à Brito Camacho em primeiro lugar, pois que lhe vinha já rasgado o casco ao ancorar inúmeras vezes nos “clubes” das emergentes seitas de “cristãos novos” do concelho.
Como se fosse um comentador júnior da “Marktest”, Estêvão Pereira faz uma análise quantitativa dos resultados eleitorais, polvilhando o seu texto com algumas mensagens subliminares para ganhar novamente o espaço perdido no seio da CDU/Viana. Isenta da sua escrita está qualquer frase de alento ou de solidariedade à equipa azul que calcorreou com ele dezenas de quilómetros – pois aquela não foi nem nunca seria a sua corrida, muito menos com aquela equipa estaria disposto a servir de lebre.
Estêvão Pereira foi o principal coveiro da CDU/Viana nas eleições de 2009; como se o péssimo resultado eleitoral agora alcançado não estivesse associado à sua pessoa, dá mais um empurrão homicida no João Penetra, ao relembrar aos seus leitores que a sua derrota de há quatro anos foi muito menos expressiva: “Comparativamente com os resultados de 2009, de uma forma geral, o Partido Socialista aumentou o número de votos e a CDU e o PSD diminuíram os seus votos.”
Depois lá vem a frase, repetimos, da maior e mais contraditória hipocrisia política: “Glória aos vencedores, honra aos vencidos”.
Mas porquê da maior e mais contraditória hipocrisia política?
Porque em 2009, no rescaldo das eleições onde Bengalinha Pinto se tinha consagrado, pela primeira vez, vencedor,
a agência noticiosa LUSA escrevia que “
o candidato comunista Estêvão Pereira reconheceu a derrota, considerando que o PS fez uma campanha com meios financeiros fortíssimos, algo que a CDU não tinha. Mais adiante acrescentava:
"Acreditamos que [esses meios] possam ter comprado algumas consciências …”
Estêvão Pereira, com o seu estilo particularmente enviesado, está aí para as curvas, apenas tingiu a camisa vermelha com a cor azul mas, no íntimo, permanece igual ao político que em 2009, forçadamente, teve de admitir a derrota, não deixando contudo de insinuar que aquela tinha ocorrido apenas porque a candidatura adversária poderia ter comprado algumas consciências…Se bem nos recordamos, quem andou a distribuir relógios no sábado anterior às eleições, dia de defeso, tinha sido ele mesmo…
Órfã de João Penetra, moral e politicamente fuzilado por mais de 1800 votos, derrotados que foram os estrategas de uma candidatura que procurou ligar a CDU/Viana aos mais reaccionários elementos de uma “Santa e Apostólica Aliança”, disponibilizam-se novamente naquela coligação os agora vazios espaços do poder. Estêvão Pereira aponta para si, mas sabe muito bem que terá de deixar sarar profundas feridas, algumas já velhas, outras novas e que terá de estar atento àqueles que, desde há muito, aguardam impacientemente a chegada da sua vez!