domingo, 10 de junho de 2012

Bispo das Forças Armadas comparou Passos Coelho a Salazar

D. Januário Torgal, bispo das Forças Armadas, comparou o primeiro-ministro Passos Coelho ao ditador António Oliveira Salazar.


Em declarações à TSF, D. Januário declarou-se “profundamente chocado” com o agradecimento de Passos à paciência dos portugueses, numa intervenção na quarta-feira comemorativa do primeiro aniversário da vitória do PSD nas legislativas de 2011.

“Portugal não tem Governo neste momento, e vão certos senhores dar uma passeata um certo dia a fazer propaganda tipo União Nacional, de não saudosa memória, pelo país a dizer que somos os melhores do mundo”, acentuou o bispo. D. Januário Torgal continuou: “Ao fim, ainda aparece um senhor que, pelos vistos, ocupa as funções de primeiro-ministro, dizendo obrigado à profunda resignação de um povo tão dócil e amestrado que merecia estar num jardim zoológico”.

O bispo foi, ainda, mais explícito. Retomando os elogios do primeiro-ministro à paciência dos portugueses que, no entender de Passos Coelho, se deve a “uma sociedade que está apostada em vencer as dificuldades e em resgatar o futuro”, D. Januário referiu: “Parecia-me que estava a ouvir o discurso de certa pessoa há 50 anos atrás”. Já em declarações ao canal SIC Notícias, o prelado concretizou a comparação, referindo o nome de Oliveira Salazar. Concluindo, D. Januário Torgal Ferreira deixou outra mensagem: “Apetecia-me dizer assim, vamos todos para a rua, não para fazer tumultos, vamos fazer democracia”.

Não é a primeira vez que o bispo das Forças Armadas suscita celeuma. Há alguns anos, admitiu o preservativos em relações sexuais de risco. E, aquando de uma visita do primeiro-ministro Cavaco Silva a Macau e Pequim, sugeriu que o chefe do Governo devia defender os direitos humanos.

Frontal e polémico no que diz respeito a temas da doutrina moral e disciplinar da Igreja, D. Januário é tolerado apenas com condescendência por vários dos seus pares, que consideram as suas posições demasiado heterodoxas e olham de soslaio para a sua atitude crítica. O bispo utiliza a sua formação na área da Filosofia para argumentar e defender as suas posições.

Visto no "Público"

1 Comentário:

Anónimo disse...

A igreja, “que nunca faz política”, está na realidade sempre a fazê-la. O sr. Torgal, chefe intermédio de uma das organizações mais anti-democráticas do mundo, não resistiu à tentação de vir opinar sobre o estado do país. E compara o que não é comparável. Compara Paços Coelho a Salazar. Esquece-se, ou não lhe calha recordar-se, que o primeiro não passa de um “pau mandado” ao serviço dos “homens de preto”, sem querer nem saber, uma “invenção”, tal como Cavaco Silva já tinha sido há umas décadas atrás, dos barões da economia poruguesa. Tal como Sócrates. O segundo, pelo contrário, sabia muito bem para onde queria conduzir a Nação. Podemos ou não concordar com os seus métodos e objectivos, mas sabia. Não estou a fazer a defesa do salazarismo. Acho é patético a igreja católica apostólica romana, porventura a maior causa do declínio dos povos meridionais nos últimos cinco séculos, vir para aqui chorar lágrimas de crocodilo.
M.A.

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